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Brasil é estratégico na expansão do carro elétrico na região

Brasil é estratégico na expansão do carro elétrico na região

15.02.2018

O Brasil assume um papel de destaque no desenvolvimento da eletrificação da mobilidade urbana na América Latina. Pelo tamanho do seu mercado consumidor e o parque automotivo instalado, tanto de montadoras como de fornecedores, o país é considerado estratégico. Mas falta muito o que fazer. Desde a regulamentação por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até a infraestrutura de reabastecimento, passando por questões tributárias, discussões de incentivos e envolvimento das prefeituras.

A boa notícia é que não se trata de um problema só brasileiro, pelo menos ainda. "É algo totalmente novo. Há cinco anos não havia esse horizonte. O Brasil tem um potencial enorme e o que aconteceu na Europa vai acontecer aqui também", afirma Paolo Pescali, diretor de produtos de eletrificação para as Américas da ABB. Mas a região tem outros mercados que se não têm o tamanho do brasileiro estão muito ativos nessa área, como o argentino, o chileno, o colombiano e o mexicano. "Não creio que exista um país mais desenvolvido que o Brasil [na região]."

Pescali lembra que o tripé carro, regulamentação e infraestrutura tem de caminhar junto ou o mercado não vai se desenvolver. "É como discutir quem veio primeiro, o ovo ou a galinha", brinca o executivo. O carro tem de ter custo acessível e atrair o consumidor, a legislação definir o papel de cada participante e dar segurança jurídica para o investimento privado e a infraestrutura fechar as parcerias para instalação física dos equipamentos. O crescimento dos empregos do setor ficou abaixo de 1% no balanço anual, mas demonstrou recuperação nos últimos meses. A comparação de dezembro de 2017 com dezembro de 2016 revela alta de 5,4%.

A ABB está negociando com vários parceiros formas de participar desse mercado no país. Pescali não fala em nomes ou números. Ele diz que não existe um modelo definido, mas a companhia não participaria como sócia no projeto. A empresa fornece os carregadores e pode fazer a gestão do sistema, como uma prestadora de serviços. A expectativa do executivo é fechar ainda neste ano alguma dessas parcerias.

Uma estação de carga rápida instalada, com todo o suporte técnico incluído, exige um investimento de US$ 20 mil a US$ 25 mil. O cenário mais provável é que essas estações sejam instaladas na atual rede de distribuição de combustíveis, que já tem toda estrutura para receber os carros. Com o carregador super-rápido, por exemplo, em 12 minutos é possível abastecer uma bateria com autonomia para 250 a 300 quilômetros.

Pescali acredita que em cinco anos o Brasil já terá um volume de carros elétricos que pode justificar a produção local dos carregadores. Hoje são produzidos na Itália e na China. A fábrica da ABB em Sorocaba (SP) poderia receber uma linha de produção de carregadores. "É claro que a produção no Brasil seria para abastecer toda a região", diz o diretor.

O executivo não acredita que a expansão do uso do carro elétrico possa causar algum problema em termos de abastecimento de energia. Ele diz que um ponto favorável ao país é justamente sua matriz energética, que cresce em solar e eólica. Cerca de 83% da geração de energia elétrica no Brasil é renovável e cresce puxada pelos projetos de eólica e solar.

"Com a capacidade de geração atual, se trocarmos 50% da frota de carros, o sistema não aguenta. Mas não vai ser assim. É um modelo evolutivo. Vai ser um processo paralelo entre aumento da geração de energia no país, com potencial para o solar, e a troca dos carros", afirmou Pescali.


Fonte: Valor

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